Presidente do Observatório de Segurança e Terrorismo olha para as medidas que a Alemanha está a ponderar impor como algo «normal» tendo em conta a possibilidade de catástrofes.
A notícia de que a Alemanha está a planear pedir aos cidadãos para armazenarem comida e água na eventualidade de um ataque terrorista ou de uma catástrofe apanhou de surpresa o resto dos países europeus.
A notícia foi avançada no passado domingo pelo «Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung». O jornal alemão refere um programa de defesa civil que estará a ser elaborado pelo Ministério do Interior desde 2012 e que será debatido hoje pelo governo de Angela Merkel.
Os cidadãos serão obrigados a ter «uma abastecimento individual de comida» para dez dias e de água para cinco, bem como medicamentos, energia e dinheiro suficiente até que o governo consiga responder à ameaça.
O documento de 69 páginas fala na necessidade de instalar sistemas de alarme e reforçar a proteção estrutural dos edifícios. Diz também que a população deve «preparar-se apropriadamente para um desenvolvimento que possa ameaçar a nossa existência e que não pode ser categoricamente excluído no futuro».
Caso estas medidas se confirmem, será a primeira vez desde a Guerra Fria que o país considera a possibilidade de um ataque ou de uma catástrofe desta magnitude.
O jornal alemão «Die Welt» adianta que o governo alemão está a ponderar novas estratégias de segurança tendo em conta os recentes ataques terroristas e a anexação da Crimeia pela Rússia.
Estas medidas têm ainda como objetivo preparar o país para a possibilidade de ter de defender as suas fronteiras.
O artigo adianta que o Ministério do Interior está também a considerar a reativação do serviço militar obrigatório – que tinha sido extinto em 2011.
Há cerca de um mês que a Alemanha está em alerta. O governo anunciou não só um maior investimento financeiro nas forças de segurança como a criação de uma unidade especial para combater o cibercrime e o terrorismo.
O presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT) explica que, em Portugal, este tipo de medidas já é utilizado para o risco de atividade sísmica, mas resta saber o que levou a Alemanha a tomar esta decisão agora.
Notícia publicada no Jornal I, dia 24 de agosto de 2016.